Amor 2


"O amor é sentido só por atos de bondade abnegada,
perdão incondicional e compaixão ilimitada.
O amor se torna real só pela intenção
de beneficiar o outro antes do eu.
E isso só é possível quando amar não é um ato deliberado,
quando o motivo é inocente.
A simples motivação para amar não é amor.
O amor não precisa de motivo."

Mike George

Soneto do Amigo


Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

Vinícius de Moraes


A Conquista da Serenidade


Um dia amanhece, glorioso, com a luz do sol atravessando as folhas. Silêncio que é quebrado pelo som dos passarinhos que acordam.

Murmúrio de regatos que cantam, perfume de relva molhada pelo orvalho da noite. Será isso serenidade?

A natureza oferece ao homem a oportunidade do silêncio externo, o exemplo da calma. Mas sozinha, ela, a natureza, será capaz de trazer a paz interna?

Muita gente diz assim: Vou sair da cidade, a fim de descansar. Quero esquecer barulho, poluição, trânsito.

Essa é uma paz artificial. Em geral, depois de alguns dias descansando, a pessoa volta para a cidade e aos ruídos da chamada civilização. E ainda exclama ao chegar: Que bom é voltar para o conforto da cidade.

E, nas semanas seguintes, enfrenta novamente os engarrafamentos de trânsito, o som constante das buzinas, a fuligem. A comida engolida às pressas e o estresse do cotidiano estão de volta.

Então vem a pergunta: Será que realmente a serenidade existe em nossa alma? Se ela estivesse mesmo em nós, não teríamos de deixar o local em que vivemos para encontrar a paz, não é mesmo?

A conquista da serenidade é gradativa. A natureza não dá saltos e as mudanças de hábitos arraigados ocorrem muito lentamente. Não se engane com isso.

Muita gente acredita que a simples decisão de modificar um padrão de comportamento é suficiente para que isso aconteça. Mas não é assim.

Um antigo provérbio chinês traduz muito bem essa dificuldade. Ele diz assim: “Um hábito inicia como uma teia de aranha e depois se torna um cabo de aço”. O mesmo acontece em nossa vida.

E a conquista da serenidade não escapa a essa lógica de criar novos hábitos, de reeducar-se. Sim, pois tornar-se pacificado é um exercício de auto-educação.

A pessoa educa-se constantemente. Treina a paciência, o silêncio da mente. É uma conquista diária, um processo que vai se instalando e se fortalecendo.

E por onde começar? O melhor é iniciar pelo dia a dia. Treinando com parentes, amigos, colegas de trabalho. Não se deixando perturbar pelas pequenas coisas do cotidiano.

Das pequenas coisas que irritam, a pessoa passa a adquirir mais força para superar problemas mais graves, situações mais complexas.

Aos poucos, suaviza-se o impacto que os outros exercem sobre nós. Acalma-se o coração, domina-se as emoções, tranqüiliza-se a mente.

O resultado é o melhor possível. Com o passar do tempo, a verdadeira paz se instala. E mesmo em meio aos ruídos de todo dia, o homem pacificado não se deixa perturbar.

É como um oásis em meio ao caos da vida moderna. Um espelho de água em meio a tempestades. Esse homem, em qualquer lugar que esteja, traz a serenidade dentro de si.

Experimente começar essa jornada hoje mesmo. Vai torná-lo muito mais feliz.

A serenidade resulta de uma vida metódica, postulada nas ações dinâmicas do bem e na austera disciplina da vontade.

Mantenhamos a serenidade e a nossa paz se espalhará entre todos.

Momento Espírita

A Benção do Perdão


Uma nuvem espessa pairava sobre a alma daquela mãe sofrida...

O seu jovem filho, criado com amor e desvelo, fora assassinado por um amigo dominado pelas drogas.

O desespero e a amargura eram suas companhias permanentes.

Os olhos fundos e a palidez denunciavam as noites de insônia e a falta de alimentação.

Uma amiga a convidou, talvez inspirada pela providência divina, a buscar ajuda do orador e médium espírita de extrema seriedade e profunda dedicação ao bem, Divaldo Pereira Franco.

Era início da noite na cidade de Salvador, quando as duas senhoras adentraram a casa espírita singela, onde o médium atende aqueles que o procuram em busca de consolo e esperança.

Divaldo percebeu que se tratava de um caso grave e atendeu aquela mãe prontamente, com grande ternura.

Aos poucos a senhora ia contando o drama ocorrido, falando que um amigo do filho o havia alvejado por motivos banais, de ligeiro desentendimento entre ambos.

Enquanto a genitora narrava o seu drama, aproxima-se do médium a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, trazendo o jovem assassinado, ainda convalescente, e diz a Divaldo para transmitir à mãe sofrida, algumas palavras do filho.

Naquele momento o filho, tomando emprestada a aparelhagem fonadora do médium, fala à mãezinha palavras de conforto.

Disse para que não cometesse o suicídio, como estava pretendendo, pois esse crime a afastaria ainda mais dele, e por mais tempo.

Pediu à mãe que se lembrasse da mãe do amigo que cometera o crime e agora estava detido pelas grades da justiça humana, numa cadeia, entre criminosos comuns.

Aquela mãe, sim, era muito infeliz, pois seu filho é o verdadeiro desgraçado e não ele, que agora estava sob o amparo de amigos espirituais atenciosos e fraternos.

Ao ouvir a voz inconfundível do filho querido, que julgava ter desaparecido para sempre, a mulher abraça com ternura o médium, por cuja boca se podiam ouvir as palavras amáveis e lúcidas do jovem assassinado.

Sob a inspiração da benfeitora do além, Divaldo aconselha a mulher a considerar o estado de alma da outra mãe, da mãe do assassino, e pensar na possibilidade do perdão.

Na semana seguinte, quando o médium baiano se preparava para atender aqueles que o buscavam na singeleza da casa espírita, vê adentrarem a sala duas senhoras, pálidas e de aspecto sofrido.

Uma ele já conhecia, a outra lhe era estranha.

Quando chegou a vez de atendê-las, a mulher que estivera ali na semana anterior lhe apresentou a companheira, dizendo ser a mãe do amigo do seu filho.

O médium entendeu que ela havia seguido os conselhos ali recebidos e buscava ajudar aquela mãe mais infeliz que ela própria.

Conversaram por longo tempo.

Ao se despedir das duas senhoras, Divaldo percebeu que um raio de luz penetrava suavemente aquelas almas doloridas.

A luz do perdão se fazia bênção de paz e gerava serena harmonia naqueles corações dilacerados pela dor da separação dos filhos bem-amados, embora por motivos diversos.

Na medida em que o tempo ia passando, as duas mães encontraram motivos para voltar a sorrir, e juntas visitavam o jovem no cárcere.

Fundaram uma casa de recuperação de toxicômanos para ajudar outros tantos jovens a se libertar das cadeias infelizes das drogas.

O perdão é uma das mais belas provas de confiança nas soberanas leis de Deus.

Quem perdoa sabe que Deus é justiça e, por isso mesmo, suas leis jamais se enganam.

Perdoar é receber com resignação os fatos que não se pode evitar ou mudar, com a certeza de que a justiça divina não se equivoca e nada acontece conosco se o Criador não permitir.

Momento Espírita

Poema da Fraternidade


A vida é sempre a iluminada escola.
Compadece-te e ajuda no caminho.
Por toda parte, há dor que desconsola
E toda gente aguarda a leve esmola
Do sorriso, da prece, do carinho...

Nem sempre vês quem chora e necessita.
Há muita treva, muita sede e fome
Escondidas em laços de ouro e fita,
E, em tudo, há muita máscara bonita
Ocultando a miséria que consome.

Quanta cabeça se ergue à luz dourada
Na multidão festiva que fulgura!
E, a sós, pende tristonha e desvairada,
Aturdida no horror da própria estrada,
Chorando de aflição e de amargura!...

Quanto sonho padece ao desabrigo!
Quanta mágoa contida, vida a fora!...
Auxilia, do príncipe ao mendigo,
Não atrases o abraço doce e amigo,
Que o companheiro espera, desde agora.

Que a boa luta te não desagrade.
Sê mais amplo no esforço da harmonia...
Semeia a glória da Fraternidade!
Sem a luz da União e da Amizade,
Não há bênçãos da Paz e da Alegria.

Carmem Cinira

Ser sim, Um Ser Insubstituível!

Há os que dizem que ninguém é insubstituível.
Que quando chega, a morte nos apaga e apaga nossos rastros mais cedo ou mais tarde.
Nossa condição de ser insubstituível prevalece por pouco tempo e nos tornamos apenas reproduções de som e imagem, ou palavras mortas sobre o papel ou sobre a pedra, nos livros de história, nos museus.
Quando desaparecemos, o que fazíamos poderá ser feito por outros, o que dizíamos poderá ser dito por outros.
Pronto, tudo resolvido.
A vida continua, o mundo continua a girar.
Verdade?
Mentira.
Não há dois dias iguais.
Um sucede o outro, mas não o substitui.
Porque cada dia é único.
Assim como na sinfonia, onde uma nota sucede outra, mas não a substitui, sempre seremos sucedidos nunca substituídos.
Porque nossa vida é única.
Porque cada pessoa é única.
Porque tudo o que geramos revela a nossa autoria, como se fosse assim uma especie de marca.
Indelével, singular.
Um filho, um livro, um quadro, uma idéia, um sentimento, uma palavra.
"Cada um de nós pode ser insubstituível.
Ser insubstituível, sim, por que não?
Um ser insubstituível não por arrogância, nem por posses, nem por dotes físicos ou intelectuais.
Ser um insubstituível ser, simplesmente pelas emoções criadas e pelos valores agregados em sua volta.
Ser um insubstituível seja pela renúncia à mediocridade, pela fuga do vazio, pelo abandono da irrelevância.
Poderíamos ser todos insubstituíveis seres, pela energia positiva que transmitimos às outras pessoas, pela vibração produzida por nossos sentimentos, pelos nossos exemplos e atitudes, pelo nosso esforço admirável de passar por esta vida deixando marcas de excelência, como se fossem rastros de luz.
Sejamos todos insubstituiveis.
Eu para você e você para mim.
Uns para os outros. Cada um para todos."

Arnaldo Pereira Ribeiro

Vídeo - The right thing to do - Carly Simon